Feminicídio: O mal que precisamos combater!

Fala, Mana!
11 de set. de 2021
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O que fazer quando a dor e a saudade aperta? O que esperar da justiça feita pelos homens para benefício próprio? Como uma ferida impedida de cicatrizar, o feminicídio deixa danos irreparáveis na vida da família que perde um dos seus principais integrantes: uma mulher, mãe, filha, com projetos e sonhos interrompidos!

A mulher sofre por ser mulher! A mulher morre por ser mulher! Dentro da ótica patriarcal isso é totalmente aceitável, a violência está na base das representações de gênero que legitimam a desigualdade e a dominação masculina. O feminicídio é um exemplo desse tipo de dominação, a vida da mulher fica nas mãos do seu algoz e quando ele decide, não importa em que situação, alguém entra para as estatísticas. Ainda há quem diga que a culpa é nossa, mas aos poucos, vamos desmistificando o pensamento misógino da sociedade em que vivemos.

Apesar de existirem leis que tipificam algumas violências patriarcais, os números continuam aumentando, de acordo com a matéria lançada pela Folha de São Paulo, o Brasil registrou oficialmente em 2020 a morte de 1338 mulheres, os autores do crime, são em sua maioria, companheiros, ex-companheiros ou pretensos companheiros. Porque o perigo está de forma tão presente dentro de casa? Porque quem deveria nos respeitar e amar, quer nos matar? A resposta está na mentalidade machista, onde os feminicidas acreditam que possuem a posse e o controle de nossas vidas, se dissermos “não”, eles vão até o fim pelo “sim”. O perigo também está dentro de casa! Preciso lembrar de Dayse Dyana, assassinada pelo próprio companheiro e jogada do prédio de onde morava para simular um suicídio, o assassino não poupou a dor do próprio filho que vai crescer sem o afago da mãe.

Os feminicidas são cruéis e não expressam arrependimentos...

Em Novo Santo Antônio, uma cidade do Norte do Piauí, Watilane Sara Ferreira Nascimento, de 28 anos, foi morta pelo ex-namorado e enterrada em uma cova rasa. Watilane teve sua vida ceifada no dia do seu aniversário. A família clama por justiça e segue com a dor da perda inesperada em uma data tão especial. O Estado do Piauí é o sexto estado que mais mata no Brasil. De acordo com os dados do Fórum de Segurança, 31 mulheres foram vítimas de feminicídio no Piauí no ano de 2020.

Apesar dos avanços jurídicos, precisamos pontuar o porquê da persistência desse problema que tanto nos gera medo e inseguranças. O Brasil possui canais de atendimento específicos para denunciar as violências patriarcais, funciona? Sim! Atende à todas as mulheres? Não! Existem mulheres que não possuem celular, ou vivem em áreas afastadas da cidade e longe de uma delegacia especializada, ou seja, a acessibilidade está deixando a desejar. E o que falar das pessoas despreparadas que atendem as mulheres vítimas de violência? Muitas são constrangidas por pessoas machistas, essas atitudes desestimulam a mulher a fazer a denúncia! Quem nunca ouviu: “tem mulher que gosta de apanhar” ... Não adianta o estado nos oferecer serviços que serão desempenhados por pessoas que ainda têm a mentalidade misógina e machista que precisamos combater para colocar um fim nesse maldito problema.

Precisamos, urgentemente, retirar as viseiras e entender que o problema da violência patriarcal só será resolvido com o fim do machismo e da misoginia, a emancipação da mulher depende do fim da violência. O feminicídio é um crime de ódio contra nós, o freio do patriarcado contra nossa autonomia.

39% dos feminicídios acontecem em casa. Fonte: Atlas da Violência de 2019.